18 de março de 2011

Curso de Tarot em Curitiba

Você acha que quem lê Tarot nasce sabendo? Não. É claro que um poder intuitivo inato facilita muito, mas a Arte do Tarot pode e deve ser aprendida. Aliás, uma das vantagens, mesmo para quem não deseja se tornar um profissonal da leitura dos arcanos, é o desenvolvimento da intuição, que se dá a medida que o aluno começa a criar os necessários links entre as imagens.

Desenvolvi um método de aprendizagem que realmente funciona. Os estudantes reclamam que não conseguem comprender os vasos comunicantes, as interrelações. "Decoram" os significados mas depois, na hora da leitura, não sabem o que fazer. A história que o Tarot mostra não aparece tão facilmente. Creio ter encontrado uma "chave" para que a leitura aconteça, sempre unindo a intuição e a técnica.

Então, se você deseja fazer parte daqueles que conseguem desvendar os mistérios do Tarot ofereço neste ano os dois primeiros módulos do curso. Maiores detalhes no Zoe Mídia.

Em breve, o curso virtual.

Abraços,












11 de março de 2011

Kamelia e a Borra do Café


Aí está o meu oráculo. Alguém se arrisca a interpretar?


O nome dela é Kamelia. Nasceu no Líbano, mas mora aqui perto da minha casa. Quem me indicou foi uma amiga de infância e como tenho uma verdadeira paixão sobre o poder de leitura de imagens fui conferir. Confesso que mais pela arte do que procurando previsões.

A verdade é que não tenho mais a curiosidade que tinha na consulta de oráculos. Leio o Tarot para mim muito raramente e quando Madame Zoe dá o ar de sua graça, o que não acontece sempre. Eu também tenho que marcar horário. E mais: preciso sair de mim para que a leitura seja correta. O risco de projeção é muito alto e a necessidade de isenção, enorme. Isso é paradoxal porque um tarólogo precisa conseguir interpretar seus arcanos. Então, uma vez ou outra, sento-me no consultório, medito, e em situação de paz interior lanço minhas cartas.

Quando a barra pesa e eu realmente preciso de uma leitura apurada, recorro aos meus colegas. Aí estão Alexsander e seu baralho Lenormand, a perícia de Alexey com os signos e planetas, a sabedoria de Marcelo "Kirtan" Bueno nos arcanos. Giancarlo, Vera. Meu querido amigo Wagner Piccinin. Ou então leio os sinais nas sincronicidades cotidianas ou pela Geomancia, minha arte secundária.

No entanto, a caminho da borra de café, eu sabia que algo diferente iria acontecer apesar da natural apreensão com a leitura de oráculos, apreensão essa que todo consulente deveria ter quando se trata de dar um poder momentâneo para que alguém rompa os véus que separam a nossa ilusão de passado presente e futuro. Por alguma razão eu sabia que seria legal. Mas Kamelia superou as minhas expectativas.

Peguei um taxi porque não queria me atrasar. Curiosamente a motorista era mulher. Comentei que ia para uma leitura de borra do café e os olhos da motorista brilharam através do espelho retrovisor. Na hora de passar o cartão a maquininha deu uma emperrada e vi Kamelia me esperando na porta (para se chegar na casa é preciso atravessar um longo jardim). Acenei para que me esperasse e reparei que a leitura já tinha começado.

Ela me recebeu na sala que rescendia a um perfume exótico. Uma sala simples. Seu filho sentado em torno da mesa parecia fazer contas ou estudar. Me sentei no sofá, a televisão estava ligada (vale a pena ver de novo!) e Kamelia foi preparar o café. Rapidamente me meti na cozinha porque queria ver a preparação tradicional ao modo árabe. Kamelia me mostrou tudo, tim tim por tim tim.

Sentamos na sala como fazem velhas amigas e tomamos o café. O rapaz desligou a televisão, Kamelia derrubou o que restava do pó de café do fundo da xícara em um guardanapo e fomos para um quarto ao lado.

Ela não sabia nada de mim, muito menos a minha profissão. Pediu-me que não falasse nada e com o óculos na ponta do nariz começou a sua inspirada e delicada leitura. A cada frase, a magia que faz com que o oráculo conte com uma história que desconhece me surpreendia. Ali estava o meu presente e cenas misturadas do passado e do futuro que iam sendo deslindadas pela interpretação das imagens no fundo da xícara, as linhas castanhas sobre o branco.

Não, eu não vou contar para vocês o que ela me disse porque isso não se faz. Mas foi um momento único na minha vida. Um momento de surpresa, conhecimento e magia. Nunca fiquei tão bem impressionada e olhem que, definitivamente, não sou marinheira de primeira viagem. A vida não havia até então me brindado com o café de uma sacerdotisa árabe e nessa hora, eu era só uma consulente atrapalhada, querendo interromper com meus desabafos a condução delicada de algo que suplanta o raciocínio comum (fica aqui a dica para consulentes matracas-tricas: aproveitem o oráculo e consultem uma psicóloga para outros fins).

Fechada a leitura, que por algum motivo durou mais que o tempo regulamentar, Kamelia me surpreendeu com outra de suas artes: a culinária. Sua magia estende-se pela alquimia dos alimentos. Para complementar a renda familiar, atende encomendas de grandes e pequenos jantares com as delícias orientais. Vi seus frascos de água de rosas, provei de seus quitutes (o chanclich e o zátar vocês não acreditam),  e ainda saí de lá com duas conservas: uma de coalhada, outra de beringela com amêndoas.

E olha... Eu vou voltar. Não só para encomendar gostosuras mas para dar continuidade às linhas de café que ainda não apareceram.

Kamelia foi um presente que falou do meu passado e do meu futuro. E parece que recuperei o meu gosto por oráculos. E por café com cardamomo.
















Zoe de Camaris
p.s.: se alguém quiser experimentar das artes da maga libanesa é só me mandar um email: zoedecamaris@gmail.com .



8 de março de 2011

O AMOR EM DIÁLOGO




O primeiro olhar trocado, o coração que dispara, a corrida ao espelho, a insegurança, a beleza dos gestos (naturais e estudados), o caminho trêmulo das mãos, a dança das línguas... Todos conhecemos a linguagem universal do Amor. Está no nosso DNA e é reafirmado pelas letras de música, pelo cinema, pela literatura. O tema é inesgotável embora conte sempre a mesma história. O encontro, o desencontro, o reencontro, com ou sem final feliz.

Mas o diálogo de que falo aqui é outro, aquele que vai além de uma conversa com o espelho, a fala da vaidade, a verborragia hemorrágica da exibição. Falo da abertura do coração e do verdadeiro interesse que nasce em relação ao outro. "O que você pensa, o que você vive, o que você sabe me interessa diretamente e é demonstrado". Da arte do diálogo no Amor, quando quase tudo que se vê é um monólogo incessante que vai num crescente chocar-se com os céus a espera do raio.

É possível que minha perspectiva deva-se ao meu mapa mercuriano. Não é possível sobreviver a uma história que não conversa, que não se diverte com as  palavras, que não exprime ternura nas mais acirradas discussões. Não é possível um amor que não instigue, um amor que não leve à criação, um amor que não faça que o outro brilhe naturalmente.

Existem amores que continuam incitando, acordados na lembrança e no passado. E amores que provocam idéias de futuro. Minha saudade caminha em ambas direções.

Há uma armadilha, claro, no amor somos todos pequenos animais transitando na selva. Pois amar pressupõe a entrega, a confiança, o acreditar, o caminhar sem medo. A cilada é a competição. Transformar o outro em uma ameaça e reagir com estratagemas do intelecto. Provocar o nascimento do predador quando não é possivel livrar-se da vaidade. É um risco, mas um risco que para mim, com meu Mercúrio dominante, aceito tranquilamente correr. Arriscar-me na selva dos pensamentos é bem melhor do que passar a vida falando sobre tomates sem entender a língua do outro. Aceito os sapos e os diamantes, como no conto de fadas.

Não basta a beleza dos corpos, não basta o poder da atração, a química das diferenças. Quero primeiro a lingua e depois a lingua.

Ambas titilando no céu da boca.


Zoe de Camaris

* na imagem, Abelardo e Heloísa.