Diz uma aluna: - Ah, Zoe, minha tia vai adorar consultar com você.
Ela é fissurada "nessas coisas".
Essas coisas. Certo. Essas Coisas.
Do que se trata? Eu trabalho com "essas coisas" então, coisas estranhas?
Tudo começou na escola, quando a professora afirmava que minha cabeça estava nas nuvens. Certamente eu já pensava naquilo que não tem nome.
Eu realmente prefiro que chamem o que faço "dessas coisas" do que digam que sou "esotérica". Tremo com a palavra, mal aplicada que é. O desinformado, ainda grafa errado: "exotérica". Duplo arrepio. Ou então, assim: "Ela é mística". Palavra bonita, é vero, mas me soa esquisitíssima.
Bruxa, eu gosto porque me acho bonitinha. Se fosse um jaburu, acharia ruim. Feiticeira, ficou sem spell e sem smell depois da música brega. A gente esquece fácil da Samantha mexendo o narizinho. Minha memória é seletiva e tende à entropia.

"Ela é wiccan!" - odeio. Ainda mais quando pronunciam "v" ao invés de "u". Quero morrer, cometer suicídio, uma kamiquase mergulhando o nada com sua vassoura Nimbus 2007.
Essencialmente, minha espiritualidade se dirige à bruxaria. Mas não dou conta que relacionem minha percepção de mundo a uma forma quase protestante de Paganismo (grata, Dr. Graham Harvey!) e repleta de equívocos léxicos. "Religião da Deusa" é o primeiro equívoco. Ora, religião? Mas a palavra, o conceito de Religião, não pressupõe um livro sagrado? E qual seria? O "Livro das Sombras"?
A palavra "religião" está intrinsecamente ligada ao tradicionalismo cristão e a um conceito abstrato de transcendência que supõe o asceticismo. Um profeta, uma legislação estrita, severos códigos de conduta. Me parece que Paganismo não tem nada a ver com isso, pois elege "o corpo", as sensações, a natureza e a liberdade como pontos fulcrais.
E os “Dogmas Wicanns”, então? Dogma, moçada? Vocês têm certeza?
A lei tríplice é uma advertência para um possível abuso de poder. Mas por que o que faço magicamente retornaria para mim três (3!) vezes? Deve ser "dogma" mesmo, porque ninguém explica. Só nos graus mais avançados e é segredo...ok, e meu nome é Mickey Mouse.
Os teólogos cristãos, estes sim, eram feras. Descolavam explicações complicadas e eruditas. Ainda descolam. Convenceram muitos. O que já não acontece com os teálogos (sic) da "Religião da Deusa" - e que ela me perdoe o perjúrio.
Chata. Sim, sou chata com as palavras. Crica, até. Palavras vazias, palavras que nos remetem a uma leitura estereotipada. Sou a favor da criação de um léxico próprio. No mínimo, coerente com meus pensamentos. Que cada um faça o seu. E o defenda.
Aí, chega o espertinho e argumenta que as palavras não importam. Importam sim. A palavra não é a coisa, mas a "coisa" precisa de um viés digno, um suporte sensato.
Engolem-se conceitos e palavras sem questionamento. Mas, ó terra santa, será que isso traduz o que significo? Ou o que desejo significar? É uma pergunta que deveria suscitar reflexão.
Sim, trabalho com "essas coisas". Pronome demonstrativo + substantivo feminino.
Antes assim do que assado.
Essas coisas. Certo. Essas Coisas.
Do que se trata? Eu trabalho com "essas coisas" então, coisas estranhas?
Tudo começou na escola, quando a professora afirmava que minha cabeça estava nas nuvens. Certamente eu já pensava naquilo que não tem nome.
Eu realmente prefiro que chamem o que faço "dessas coisas" do que digam que sou "esotérica". Tremo com a palavra, mal aplicada que é. O desinformado, ainda grafa errado: "exotérica". Duplo arrepio. Ou então, assim: "Ela é mística". Palavra bonita, é vero, mas me soa esquisitíssima.
Bruxa, eu gosto porque me acho bonitinha. Se fosse um jaburu, acharia ruim. Feiticeira, ficou sem spell e sem smell depois da música brega. A gente esquece fácil da Samantha mexendo o narizinho. Minha memória é seletiva e tende à entropia.

"Ela é wiccan!" - odeio. Ainda mais quando pronunciam "v" ao invés de "u". Quero morrer, cometer suicídio, uma kamiquase mergulhando o nada com sua vassoura Nimbus 2007.
Essencialmente, minha espiritualidade se dirige à bruxaria. Mas não dou conta que relacionem minha percepção de mundo a uma forma quase protestante de Paganismo (grata, Dr. Graham Harvey!) e repleta de equívocos léxicos. "Religião da Deusa" é o primeiro equívoco. Ora, religião? Mas a palavra, o conceito de Religião, não pressupõe um livro sagrado? E qual seria? O "Livro das Sombras"?
A palavra "religião" está intrinsecamente ligada ao tradicionalismo cristão e a um conceito abstrato de transcendência que supõe o asceticismo. Um profeta, uma legislação estrita, severos códigos de conduta. Me parece que Paganismo não tem nada a ver com isso, pois elege "o corpo", as sensações, a natureza e a liberdade como pontos fulcrais.
E os “Dogmas Wicanns”, então? Dogma, moçada? Vocês têm certeza?
A lei tríplice é uma advertência para um possível abuso de poder. Mas por que o que faço magicamente retornaria para mim três (3!) vezes? Deve ser "dogma" mesmo, porque ninguém explica. Só nos graus mais avançados e é segredo...ok, e meu nome é Mickey Mouse.
Os teólogos cristãos, estes sim, eram feras. Descolavam explicações complicadas e eruditas. Ainda descolam. Convenceram muitos. O que já não acontece com os teálogos (sic) da "Religião da Deusa" - e que ela me perdoe o perjúrio.
Chata. Sim, sou chata com as palavras. Crica, até. Palavras vazias, palavras que nos remetem a uma leitura estereotipada. Sou a favor da criação de um léxico próprio. No mínimo, coerente com meus pensamentos. Que cada um faça o seu. E o defenda.
Aí, chega o espertinho e argumenta que as palavras não importam. Importam sim. A palavra não é a coisa, mas a "coisa" precisa de um viés digno, um suporte sensato.
Engolem-se conceitos e palavras sem questionamento. Mas, ó terra santa, será que isso traduz o que significo? Ou o que desejo significar? É uma pergunta que deveria suscitar reflexão.
Sim, trabalho com "essas coisas". Pronome demonstrativo + substantivo feminino.
Antes assim do que assado.
Zoe
p.s.: hoje tô meio virada. descobri que Éris está no meu mapa.
onde está sua Éris?