18 de fevereiro de 2006

EU LUMINOSO NÃO SOU


Roberto Matta

Eu luminoso não sou. Nem sei que haja
Um poço mais remoto, e habitado
De cegas criaturas, de histórias e assombros.
Se, no fundo poço, que é o mundo
Secreto e intratável das águas interiores,
Uma roda de céu ondulando se alarga,
Digamos que é o mar: como o rápido canto
Ou apenas o eco, desenha no vazio irrespirável
O movimento de asas. O musgo é um silêncio,
E as cobras-d'água dobram rugas no céu,
Enquanto, devagar, as aves se recolhem.

José Saramago

(in PROVAVELMENTE ALEGRIA, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1985, 3ª Edição)

p.s.: grata às minhas amigas tarólogas Janaina Leite e Erika Hirs pelo espontâneo auxilío com sugestões, perfeito para uma viajante um tanto atrapalhada. E que brilhe O Sol.

Um comentário:

Anônimo disse...

Quase nem parece que foi escrito por um ateu!