A Majestade dos Tronos do Ar. Sendo Rainha, é da Água. Por empunhar a espada, do Ar. Água do Ar. Naturalmente aspectada pelo feminino, desempenha uma função do masculino. Mas não há perfeita interação entre estes elementos mesmo tendo em conta a atração das polaridades opostas.
A Água fala de sensibilidade, emotividade e expressão dos sentimentos ao passo que o Ar transporta a racionalidade e a lógica. A Água é substancial enquanto o Ar é abstrato. Sua compatibilidade encontra-se na Umidade. A Água pode tornar o Ar visível: nuvem, bruma, nevoeiro. Em harmonia na umidade, criam o símbolo máximo do sonho e do devaneio. É a soma da memória (Água) e da imaginação (Ar). Contudo, por criarem juntos a matéria dos sonhos, não podem permanecer.
Se o Ar estiver feliz, pode gaseificar a Água. Fazer espuma. Mas não raro se ressente ao ver-se privado de transparência. Distancia-se da matéria aquosa que tudo amálgama. Precisa respirar e mata a Água por expulsão. Não suporta a lamúria da sereia.
E a Água, mesmo que essencialmente rebelde à modelagem, não se contém diante da evasão aérea – fuga, dissipação, inconstância, vacuidade. Mata o Ar por dilúvio.
A Água é fértil, o Ar é estéril. A Água quer unir-se, o Ar quer ser livre. É uma combinação difícil a que preside a Rainha de Espadas.
Tem o apelo aquático na sua essencialidade feminina, mas está orientada pelo Ar. Por isso é de uma dramaticidade gelada. Esconde suas emoções ou as transforma em facas afiadas. É ríspida, fria, uma crítica severa. Sua mobilidade é a do vento, onde opera.
Nos manuais cartomânticos é a Viúva, a dominadora. Soma sabedoria e pesar. Talvez invejosa. E por falar em “talvez”, advérbios de dúvida não fazem parte do seu repertório. Um belo exemplo é o texto da ensaísta americana Camille Paglia. Seco, claro, sempre afirmativo. A Rainha de Espadas sofre sozinha, e quando aparece é como dona da verdade. Lisa. Mordaz. Jamais irá expor seus sentimentos em público sem antes passarem pelo crivo nervoso mesmo que os fluxos aquáticos estejam lá, submersos sob a capa dura. E ela os evitará sempre.
A Rainha de Espadas liquida. Aproxima-se de Atena. De Iansã pela sua assertividade, se esta não fosse tão quente. Usa um adorno vermelho no braço, um presente do fogo, como ilustra o Tarot Waite. Proteção. Pode então agir no escuro. É hábil. A tática é a estratégia. Razão que esclarece o caos. Nunca subestime sua perspicácia. Ela sempre tem uma carta na manga.
Ganhou o inverno porque conhece os enganos da primavera. Do céu o verão, da folha o outono. Sabe e executa. Articula. Doma pela palavra. Cada letra é um arreio. Sua língua é um punhal. Tem uma dor cravada no peito. Uma armadura para arrancar do centro. Uma Medusa na égide. Austera.
No fabulário, é a “morena do mal", madrasta da Branca de Neve. As lágrimas serão pedras de gelo vertidas num cálice (talvez, com veneno). Neil Gaiman inverte genialmente a tradição no conto “Neve, Vidro e Maçãs” e a malvada, agora é a Branca de Neve. Interessante também é a releitura cinematográfica do conto de fadas, em que a história é narrada do ponto de vista da madrasta. "Floresta Negra" (Snow White: A Tale of Terror), estrelado por Sigourney Weaver, que arrepia no papel. O filme caminha bem até determinado ponto e no final o diretor consegue estragar tudo com uns zumbis que saem do nada. Mas não importa. Vale assistir a Tenente Ripley, de Aliens, maltratar a pentelha-electra da Branca de Neve. Ninguém merece!
Embora a tez da Rainha de Espadas seja secularmente representada por uma mulher com os cabelos negros, também aparece como loura gelada, impávida. Fatal feito ponta de relâmpago. Palavra-cruzada que veio do frio. Estóica, monta o quebra-cabeça da morte. Essa é a idéia de Andersen, em "A Rainha da Neve". E captada em pastiche por C.S.Lewis para vestir Jadis, a Feiticeira Branca, em "Crônicas de Nárnia". O País do Eterno Inverno. Há que se aplaudir a perfeita escolha da atriz. A Feiticeira Branca resplandece na androgenia de Tilda Swinton. Feminino e masculino em perfeita sintonia. Não é a toa que foi escolhida para representar o anjo Gabriel em "Constantine" e protagonizar "Orlando, A Mulher Imortal", baseado em obra de Virginia Woolf.
Aliás, quem tem medo de Virgínia Woolf?
A Rainha de Espadas gosta do branco e do negro. Não é adepta das cores. Em dias mais sensíveis, veste azul. Cinza nas tempestades. Espadas não costuma presentear a mulher com a sinuosidade das curvas (há controvérsias). Nada da luz fogosa de Bastões e suas cores quentes. A sexualidade é controlada para não parecer “emocionada”. É bom não esquecer que é do seu repertório confundir pela aparência de pureza. Dissimulada sim. Mas quem disse que a dissimulação não é uma maneira de se revelar?
Com os sentimentos equilibrados é uma Sílfide - sabe ser leve e ágil, a dançarina.
Não traduz padrões usuais de beleza e nada tem a ver com a delicadeza de traços de Copas, nem com a explosão de vivacidade de Paus e muito menos com a robustez profícua de Ouros. Há um equilíbrio enigmático em suas formas. Seduz pela extrema elegância. Uma papisa da moda, como Constanza Pascolato. Chic, so chic. Ela não se dará ao luxo de perder a linha, não fará escândalos. Mas arrancará a sua cabeça antes que você possa dizer “cucamonga”. Vai pegá-lo (a) desprevenido(a).
E lembrando aqui de algo nada elegante, o desvario da Rainha de Copas em "Alice no País das Maravilhas"... bem, é um tilti por pura raiva do branco nas rosas. Uma histeria de Espadas numa Rainha de Copas. Da pureza nas rosas e em Alice (a Rainha de Espadas não aguenta a Rainha de Copas. Não tem paciência com sua beleza doce, com seu romantismo, destesta os perfumes florais que ela usa). A contumaz jogadora de cricket faz o maior escarcéu, mas não corta nada. A lâmina estava quente. Alice acordou. O sonho virou pesadelo. Seria a porção de uma futura Rainha de Espadas em Alice no Espelho?
A Água fala de sensibilidade, emotividade e expressão dos sentimentos ao passo que o Ar transporta a racionalidade e a lógica. A Água é substancial enquanto o Ar é abstrato. Sua compatibilidade encontra-se na Umidade. A Água pode tornar o Ar visível: nuvem, bruma, nevoeiro. Em harmonia na umidade, criam o símbolo máximo do sonho e do devaneio. É a soma da memória (Água) e da imaginação (Ar). Contudo, por criarem juntos a matéria dos sonhos, não podem permanecer.
Se o Ar estiver feliz, pode gaseificar a Água. Fazer espuma. Mas não raro se ressente ao ver-se privado de transparência. Distancia-se da matéria aquosa que tudo amálgama. Precisa respirar e mata a Água por expulsão. Não suporta a lamúria da sereia.
E a Água, mesmo que essencialmente rebelde à modelagem, não se contém diante da evasão aérea – fuga, dissipação, inconstância, vacuidade. Mata o Ar por dilúvio.
A Água é fértil, o Ar é estéril. A Água quer unir-se, o Ar quer ser livre. É uma combinação difícil a que preside a Rainha de Espadas.
Tem o apelo aquático na sua essencialidade feminina, mas está orientada pelo Ar. Por isso é de uma dramaticidade gelada. Esconde suas emoções ou as transforma em facas afiadas. É ríspida, fria, uma crítica severa. Sua mobilidade é a do vento, onde opera.
Nos manuais cartomânticos é a Viúva, a dominadora. Soma sabedoria e pesar. Talvez invejosa. E por falar em “talvez”, advérbios de dúvida não fazem parte do seu repertório. Um belo exemplo é o texto da ensaísta americana Camille Paglia. Seco, claro, sempre afirmativo. A Rainha de Espadas sofre sozinha, e quando aparece é como dona da verdade. Lisa. Mordaz. Jamais irá expor seus sentimentos em público sem antes passarem pelo crivo nervoso mesmo que os fluxos aquáticos estejam lá, submersos sob a capa dura. E ela os evitará sempre.
A Rainha de Espadas liquida. Aproxima-se de Atena. De Iansã pela sua assertividade, se esta não fosse tão quente. Usa um adorno vermelho no braço, um presente do fogo, como ilustra o Tarot Waite. Proteção. Pode então agir no escuro. É hábil. A tática é a estratégia. Razão que esclarece o caos. Nunca subestime sua perspicácia. Ela sempre tem uma carta na manga.
Ganhou o inverno porque conhece os enganos da primavera. Do céu o verão, da folha o outono. Sabe e executa. Articula. Doma pela palavra. Cada letra é um arreio. Sua língua é um punhal. Tem uma dor cravada no peito. Uma armadura para arrancar do centro. Uma Medusa na égide. Austera.
No fabulário, é a “morena do mal", madrasta da Branca de Neve. As lágrimas serão pedras de gelo vertidas num cálice (talvez, com veneno). Neil Gaiman inverte genialmente a tradição no conto “Neve, Vidro e Maçãs” e a malvada, agora é a Branca de Neve. Interessante também é a releitura cinematográfica do conto de fadas, em que a história é narrada do ponto de vista da madrasta. "Floresta Negra" (Snow White: A Tale of Terror), estrelado por Sigourney Weaver, que arrepia no papel. O filme caminha bem até determinado ponto e no final o diretor consegue estragar tudo com uns zumbis que saem do nada. Mas não importa. Vale assistir a Tenente Ripley, de Aliens, maltratar a pentelha-electra da Branca de Neve. Ninguém merece!
Embora a tez da Rainha de Espadas seja secularmente representada por uma mulher com os cabelos negros, também aparece como loura gelada, impávida. Fatal feito ponta de relâmpago. Palavra-cruzada que veio do frio. Estóica, monta o quebra-cabeça da morte. Essa é a idéia de Andersen, em "A Rainha da Neve". E captada em pastiche por C.S.Lewis para vestir Jadis, a Feiticeira Branca, em "Crônicas de Nárnia". O País do Eterno Inverno. Há que se aplaudir a perfeita escolha da atriz. A Feiticeira Branca resplandece na androgenia de Tilda Swinton. Feminino e masculino em perfeita sintonia. Não é a toa que foi escolhida para representar o anjo Gabriel em "Constantine" e protagonizar "Orlando, A Mulher Imortal", baseado em obra de Virginia Woolf.
Aliás, quem tem medo de Virgínia Woolf?
A Rainha de Espadas gosta do branco e do negro. Não é adepta das cores. Em dias mais sensíveis, veste azul. Cinza nas tempestades. Espadas não costuma presentear a mulher com a sinuosidade das curvas (há controvérsias). Nada da luz fogosa de Bastões e suas cores quentes. A sexualidade é controlada para não parecer “emocionada”. É bom não esquecer que é do seu repertório confundir pela aparência de pureza. Dissimulada sim. Mas quem disse que a dissimulação não é uma maneira de se revelar?
Com os sentimentos equilibrados é uma Sílfide - sabe ser leve e ágil, a dançarina.
Não traduz padrões usuais de beleza e nada tem a ver com a delicadeza de traços de Copas, nem com a explosão de vivacidade de Paus e muito menos com a robustez profícua de Ouros. Há um equilíbrio enigmático em suas formas. Seduz pela extrema elegância. Uma papisa da moda, como Constanza Pascolato. Chic, so chic. Ela não se dará ao luxo de perder a linha, não fará escândalos. Mas arrancará a sua cabeça antes que você possa dizer “cucamonga”. Vai pegá-lo (a) desprevenido(a).
E lembrando aqui de algo nada elegante, o desvario da Rainha de Copas em "Alice no País das Maravilhas"... bem, é um tilti por pura raiva do branco nas rosas. Uma histeria de Espadas numa Rainha de Copas. Da pureza nas rosas e em Alice (a Rainha de Espadas não aguenta a Rainha de Copas. Não tem paciência com sua beleza doce, com seu romantismo, destesta os perfumes florais que ela usa). A contumaz jogadora de cricket faz o maior escarcéu, mas não corta nada. A lâmina estava quente. Alice acordou. O sonho virou pesadelo. Seria a porção de uma futura Rainha de Espadas em Alice no Espelho?
É difícil encontrar uma Rainha de Espadas em estado "puro". É um arquétipo (às vezes, apenas um estereótipo). Assim como nos tipos psicológicos de Jung, há sempre uma função predominante. Espadas é o Pensamento, Copas o Sentimento, Paus a Intuição e Ouros a Sensação. Entre extrovertidos e introvertidos, todos possuímos as quatro funções, sendo que uma é sempre mais desenvolvida, a função principal. A segunda função ajuda a principal, a terceira é rudimentar e a quarta fica na sombra e por isso é chamada de função inferior.
Hibridismos. Em "Kill Bill", a Noiva, transformada em Mamba Negra, é uma Rainha de Copas que vinga sua maternidade, tornando-se Rainha de Espadas ou despertando a fera rápida e milimetricamente perfeita que existe em toda mulher. Com o pique e a beleza de uma Rainha de Paus em suas vestes amarelas. Só se torna Rainha de Ouros, completa, quando leva a cabo sua vingança. Mas o que faz o sucesso do filme é a implacável vingadora. Cortem-lhe as cabeças!!!
Por falar em cabeças decepadas me lembrei da Dama de Ferro, Margaret Thatcher que, antes de ocupar o cargo de primeira ministra do Reino Unido, foi eleita como presidente do Partido Conservador Britânico. A eleição aconteceu na noite 11 de fevereiro de 1975 e passou para a história britânica como “a noite das facas longas”, pois o improvável acontecia: Thatcher (uma mulher) venceu seus rivais assim como Hitler, em junho de 1934, acabou com a SA.
“Facas longas”. Considerada como uma das pessoas mais insensíveis da Inglaterra, Iron Lady obedecia a princípios de rigor e patriotismo. Recuperou as Falklands (Ilhas Malvinas) para o povo inglês e foi considerada uma heroína nacional. É sua a seguinte fala: “Os homens na política são responsáveis pelos pronunciamentos, as mulheres, ao contrário, pelas ações”.
Só mesmo uma Rainha de Espadas. Uma libriana feita de ferro - segundo Aleister Crowley a Rainha de Espadas rege do 21º de Virgem ao 20 º de Libra, o que a relaciona naturalmente com o arcano VIII, O Ajustamento (A Justiça). Mas pelo jeito, Vênus (regente de Libra) não tem nada a ver com isso...No Tarot, a figura da Balança é seca, distante, fria. Separa e equilibra. É uma junção perfeita de Virgem e Libra. Sua função apaziguadora cria beleza pela harmonia. Mas não se relaciona interamente por que é Virgem - separa. Não é uma beleza essencial, mas uma beleza aparente. Afrodite não quer saber de nada disso, mesmo que seja uma Afrodite Urânia. Passa longe. Apolo, que cuida da manutenção das formas, seria um arquétipo mais adequado. Por isso é necessário algum cuidado quando se fala de correspondências entre os dois sistemas. Há convergências no que se refere à hipocrisia, por exemplo. Libra é o signo mais hipócrita do zodíaco. E a Justiça, mal dignificada, cai no mesmo lugar. Os dois arquétipos fazem qualquer negócio para manter tudo bonitinho, mesmo que por dentro reine um tremendo caos. Margaret Thatcher na cabeça.
Thatcher renuncia em 1990 e em 92 recebe o título de Baronesa. Em 2002 a Dama de Ferro vira Dama de Mármore (de Carrara). Uma estátua de dois metros e meio de altura e 1,8 toneladas destinada ao Parlamento Britânico. Mas antes que chegasse à Câmera dos Comuns, ainda na galeria de arte onde estava exposta, um produtor teatral decepa a cabeça da estátua com um golpe desferido por uma barra de ferro. O produtor (de teatro) declarou que este foi um ato político. Mas não é a Rainha que decepa cabeças? Curioso como a vida imita a ficção. Voltemos a ela. Ou nem tanto.
Um ótimo exemplo no cinema é Joan Crawford. As sobrancelhas mais atrozes da tela, em cinemascope e technicolor. Não teve filhos e adotou 4 crianças. E parece que sua postura "Rainha de Espadas" ultrapassa os papéis que fazia no cinema. Contam à boca pequena que Betty Davies faz a mesma linha. E Betty Davies lhe despreza, nunca se esqueça disso. Aliás, as duas arrasaram juntas. O que terá acontecido a Baby Jane?
Segundo Cristina Crowford, a filha mais velha, a mãe era mesmo A Malvada. Mamãezinha Querida.
Encontrei uma série de televisão que não passou aqui no Brasil intitulada "Rainha de Espadas". Tem 22 capítulos (!!!) é a atriz principal é um Zorro feminino. Elenquei aqui por curiosidade, por que deve ser ruim pra dedéu, é só ver as fotos.
E partindo do brega para o erudito, da imagem para a música, há a ópera em 3 atos de Tchaikovsky, "A Rainha de Espadas" (1890), baseada em conto homônimo do russo Alexander Pushkin.
O protagonista da ópera, Herman, um oficial do exército, é uma figura de natureza destrutiva, um adicto. Ele manipula a ingênua Lisa, neta da Condessa que é conhecida como a Rainha de Espadas. A Condessa-Rainha conhece o mistério das três cartas e revelou os dois primeiros mistérios para dois homens. Se revelá-lo a um terceiro, ele morrerá. Herman se torna obcecado pelo terceiro segredo e isso custa a vida de Lisa e a dele mesmo. As Rainhas e as Cartas do Baralho.
Por falar em cabeças decepadas me lembrei da Dama de Ferro, Margaret Thatcher que, antes de ocupar o cargo de primeira ministra do Reino Unido, foi eleita como presidente do Partido Conservador Britânico. A eleição aconteceu na noite 11 de fevereiro de 1975 e passou para a história britânica como “a noite das facas longas”, pois o improvável acontecia: Thatcher (uma mulher) venceu seus rivais assim como Hitler, em junho de 1934, acabou com a SA.
“Facas longas”. Considerada como uma das pessoas mais insensíveis da Inglaterra, Iron Lady obedecia a princípios de rigor e patriotismo. Recuperou as Falklands (Ilhas Malvinas) para o povo inglês e foi considerada uma heroína nacional. É sua a seguinte fala: “Os homens na política são responsáveis pelos pronunciamentos, as mulheres, ao contrário, pelas ações”.
Só mesmo uma Rainha de Espadas. Uma libriana feita de ferro - segundo Aleister Crowley a Rainha de Espadas rege do 21º de Virgem ao 20 º de Libra, o que a relaciona naturalmente com o arcano VIII, O Ajustamento (A Justiça). Mas pelo jeito, Vênus (regente de Libra) não tem nada a ver com isso...No Tarot, a figura da Balança é seca, distante, fria. Separa e equilibra. É uma junção perfeita de Virgem e Libra. Sua função apaziguadora cria beleza pela harmonia. Mas não se relaciona interamente por que é Virgem - separa. Não é uma beleza essencial, mas uma beleza aparente. Afrodite não quer saber de nada disso, mesmo que seja uma Afrodite Urânia. Passa longe. Apolo, que cuida da manutenção das formas, seria um arquétipo mais adequado. Por isso é necessário algum cuidado quando se fala de correspondências entre os dois sistemas. Há convergências no que se refere à hipocrisia, por exemplo. Libra é o signo mais hipócrita do zodíaco. E a Justiça, mal dignificada, cai no mesmo lugar. Os dois arquétipos fazem qualquer negócio para manter tudo bonitinho, mesmo que por dentro reine um tremendo caos. Margaret Thatcher na cabeça.
Thatcher renuncia em 1990 e em 92 recebe o título de Baronesa. Em 2002 a Dama de Ferro vira Dama de Mármore (de Carrara). Uma estátua de dois metros e meio de altura e 1,8 toneladas destinada ao Parlamento Britânico. Mas antes que chegasse à Câmera dos Comuns, ainda na galeria de arte onde estava exposta, um produtor teatral decepa a cabeça da estátua com um golpe desferido por uma barra de ferro. O produtor (de teatro) declarou que este foi um ato político. Mas não é a Rainha que decepa cabeças? Curioso como a vida imita a ficção. Voltemos a ela. Ou nem tanto.
Um ótimo exemplo no cinema é Joan Crawford. As sobrancelhas mais atrozes da tela, em cinemascope e technicolor. Não teve filhos e adotou 4 crianças. E parece que sua postura "Rainha de Espadas" ultrapassa os papéis que fazia no cinema. Contam à boca pequena que Betty Davies faz a mesma linha. E Betty Davies lhe despreza, nunca se esqueça disso. Aliás, as duas arrasaram juntas. O que terá acontecido a Baby Jane?
Segundo Cristina Crowford, a filha mais velha, a mãe era mesmo A Malvada. Mamãezinha Querida.
Encontrei uma série de televisão que não passou aqui no Brasil intitulada "Rainha de Espadas". Tem 22 capítulos (!!!) é a atriz principal é um Zorro feminino. Elenquei aqui por curiosidade, por que deve ser ruim pra dedéu, é só ver as fotos.
E partindo do brega para o erudito, da imagem para a música, há a ópera em 3 atos de Tchaikovsky, "A Rainha de Espadas" (1890), baseada em conto homônimo do russo Alexander Pushkin.
O protagonista da ópera, Herman, um oficial do exército, é uma figura de natureza destrutiva, um adicto. Ele manipula a ingênua Lisa, neta da Condessa que é conhecida como a Rainha de Espadas. A Condessa-Rainha conhece o mistério das três cartas e revelou os dois primeiros mistérios para dois homens. Se revelá-lo a um terceiro, ele morrerá. Herman se torna obcecado pelo terceiro segredo e isso custa a vida de Lisa e a dele mesmo. As Rainhas e as Cartas do Baralho.
Não fica distante da idéia do delicioso blues chamado "Little Queen of Spades", de autoria de Robert Johnson e magnificamente interpretado por Eric Clapton em "Me and Mr. Johnson".
Mr. Johnson diz em sua música que ela é uma mulher hábil com as cartas. Que toda vez em que ela joga, ele sente arrepios. Uma mulher que sabe apostar e que nunca vai levar todo seu dinheiro por que tem “mojo”, jogo de cintura. E que se ele é o Rei e ela, a Rainha, podem juntar suas cabeças e fazer o dinheiro se tornar “verde”. Alguém duvida que existem casais imbatíveis? Eu não.
Será ele um...Rei de Paus? Um Principe de Copas não dá conta. Quem é o cara da Rainha de Espadas? Bem por hoje chega. Gatos é um outro departamento.
Zoe de Camaris
o.p.s.: quem é a Rainha de Espadas em Sex and City? Moleza....aliás as 4 rainhas estão muito bem representadas, intencionalmente. Alguém se habilita?
Referências Bibliográficas
RAVIGNANT, Patrick. Os Presságios. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1986.
CROWLEY, Aleister. El Libro de Thoth. Madrid: Luis Carcamo Editor, 1985.
Artigo de Nise da Silveira sobre os Tipos Psicológicos - Jung