22 de novembro de 2009

A cor da consciência




A Morte________________________________ O Mago



Não existe magia negra ou magia branca, existe a magia. Assim como não há alma negra ou alma branca, só há a alma, as almas coloridíssimas de cada um de nós dentro da alma do mundo. Almas doídas e alegres, almas limpas, almas sujas, almas depois do banho e antes de pisar na lama, almas penadas e almas peladas.

Há mulheres que se chamam Alma, mulheres assombração caminhando na noite negra, lá onde pia a coruja. E de dia, onde o sol visita, a pele negra é lua na areia.

Não há bem ou mal. Apenas há. Nada é completamente negro, nada é completamente branco. Nem o petróleo, nem o omo total (que é azul).

O assunto das polaridades andou vindo à baila aqui em casa por isso o assunto. De pano de fundo, o Dia da Consciência Negra casou com a conversa, mais o Malcom X que depois passou na televisão.

Afinal, existem pessoas boas e/ou pessoas más? Minha visão pagã e politeísta da vida não aceita bem isso. Creio que o bem nunca é completamente bom e nem o mal é completamente mau. Não acredito na pureza dos extremos a não ser abstraindo, para efeito retórico e de discussão. Tudo se interpenetra na vida que se abre aos nossos sentidos, no mundo físico. A natureza não conhece o bem e o mal, nós é que a julgamos assim através de nossos estreitos parâmetros, do nosso ponto de vista limitado. Um raio é mau? Uma marola é boa? Pra quem? Não é o homem umas das traduções da Natureza?

Coisas más acontecem às pessoas boas (e vice-versa) é uma frase ridícula. Nem a coisa é tão má assim e nem a pessoa é completamente boa. E que coisas não tão boas acontecem a pessoas não tão más é fato corriqueiro. Estou sendo radical? Sim, sou radical quando afirmo que a radicalidade pura e extrema é impossível, ainda mais quando se trata do bem e do mal. Aqui neste planeta terra o claro não sobrevive sem o escuro. E nem o escuro prescinde do claro.

Mas o foco da conversa era sobre gente má e gente boa... Meu pai sempre repetia a frase de Oscar Wilde, que por sua vez vivia sendo repetida pelo meu padrinho: "Paira algo de nefasto sobre as boas intenções". Frase difícil, cria uma sensação de paradoxo na mesma hora. Como assim...? Hã...? Mas puxa, o cara não foi bom, a intenção não era louvável? Pois é. Resta saber se tem algo de bom na inveja, no rancor, na raiva. Tudo tem a sua razão de ser. É só assistir um filme no qual o herói é o bandido.

Disse Alberto Caieiro:

Louvado seja Deus que não sou bom,
E tenho o egoísmo natural das flores
E dos rios que seguem o seu caminho
Preocupados sem o saber
Só com o florir e ir correndo.
É essa a única missão do Mundo,
Essa - existir claramente,
E saber fazê-lo sem pensar nisso.


Black pode ser beautiful. White pode ser beatiful. Em Ouro Preto (cidade de duas cores) eu descia uma ladeira enquanto subia um homem de cor negra com uma camiseta branca onde se lia escrita: 100% NEGRO. Pensei que poderia estar ladeira abaixo com uma camiseta preta onde se leria: 100% BRANCA. Seria linchada, claro, como nazista. Sou uma perfeita representante da raça ariana. Encarno a cor do opressor. Tenho ótimos amigos negros brancos amarelos e até alguns que se acreditam lilases. Nunca me ocorreu maltratar alguém por causa da cor, a cor da pele. Mas não posso, mesmo assim, usar uma camiseta como a que falei. Posso lembrar a todos, com minha camiseta black (fundo negro com letras brancas) que o  mundo é desigual e causar raiva.

A real é que eu jamais encararia o tal slogan porque não vejo sentido nele, preto no branco, branco no negro, xadrez que tanto faz. Nem na minha, nem na do moço que subia a ladeira mesmo que considere valorosa a luta pelas igualdades. Sem,pre. Alma não tem cor. Ou tem todas as cores.

Agora, a consciência tem cor sim. É verde. Da cor do Grilo Falante.






Zoe
p.s.: Encontrei as imagens de Malcom X e Spike Lee nos meus arquivos. Lembro-me que foram achadas num blog/site recomendado pela lista de discussão TarotL. Tentei recuperar o link, mas não fui bem sucedida. Intitulando as imagens consta a frase de Luther King: "I have a dream. Tarot I have a dream?

4 de agosto de 2009

Como me sinto quando me apaixono

Depois de meses off-line, estou pronta para voltar ao Tarot com meu pique normal. Ou melhor, quase pronta. Ainda estou finalizando alguns projetos para outubro e dando uma sacolejada nos meus trabalhos literários. Mas prometo responder em breve aos comentários, preparar novos textos para o blog, para Revista Personare (que agora está em Portugal!) e para o Clube do Tarot. Enquanto não dou o start, deliciem-se com o artigo que meu amigo Rodrigo Garcia Lopes escreveu para Revista Cláudia. Amei. E tenho certeza que vocês vão se encantar também. É raro ler um homem falando assim tão diretamente sobre o estado maluco que é apaixonar-se. Assunto que, cá pra nós, mais do nos interessa... Boa leitura!


Abraços,

Zoe

Arcano VI- Tarot Haileris



COMO ME SINTO QUANDO ME APAIXONO
Rodrigo Garcia Lopes



De cara, me vem a frase de Rimbaud: na paixão, "eu é um outro". Ou penso no que costuma dizer um amigo: o fim da paixão coincide com a descoberta de que "um é pouco, dois é muito". A paixão, antes, era uma promessa de felicidade. Hoje, desconfio que antes eu não me sentia: as coisas é que começavam a sentir, a sofrerem em mim. A memória de um rosto ou de uma voz é o que me deixava sentindo, sentindo. Sobretudo a memória de uma presença, ou aquilo que os antigos chamavam de musa. Pois só uma musa é capaz de despertar essa música em nós, essa irmã da paixão chamada poesia, e que nos leva a escrever coisas "sem sentido" como: "Imprimo em seus lábios lírios & jasmins / primícias de cetim em toques de neve / mixo a ti e a mim nesses senfins / gravo na boca o cheiro bom do cravo. / Nenhuma nóia a nos tocar se atreve. // Ligado, digito os terminais dos teus sentidos / Regulo o foco do deleite, chupo teus bits & bytes, / Quando a aurora goza um sono rosa, Danaê, acredite: / com sentidos assim, quem precisa de inimigos? [...]. Sim, a paixão é uma mulher de olhos invisíveis.

Dizer que a paixão implica em perda da razão não parece correto. Talvez seja mais apropriado dizer que a paixão carrega uma outra razão. A paixão, para mim, é como a leitura de um poema. Ou nos arrebata ou não é poesia. Nem paixão. A paixão é como uma palavra, num poema, uma palavra que busca uma rima. Quando duas palavras se beijam, nasce a poesia. Para mim, a paixão tem a ver com aquela "realidade ficcional" na qual estamos imersos quando lemos um romance: uma suspensão temporária do descrédito do mundo e do outro. Mas, antes que acabe, "posto que é chama", pintam os sintomas: insônia (pensa-se naquela pessoa), suores e tremores nas mãos (pensa-se naquela pessoa), enfim, dispara-se um mecanismo mental obsessivo (pensa-se naquela pessoa). A paixão é patética (palavra-irmã de paixão). Pateta é a pessoa apaixonada. Um marmanjo passa a se comportar como um adolescente. Não há como escapar.

A paixão, como a poesia, não tem muito sentido num mundo regido cada vez mais por valores como Mercado e Sucesso. Pois a paixão não é um valor: ela é um bem, um talento, uma espécie de reserva ecológica da sensibilidade. Em nossos dias, a paixão virou artigo de luxo. A arte de padecer por um amor está se tornando tão exótica quanto a poesia, uma arte mais e mais restrita a iniciados, como o foram a falconaria, a numismática, a filatelia. Pois para o que serve esse negócio que nos acossa, nos deixa em estado de transe, de sítio, de alerta, de poesia? Nesses nossos dias velozes e superficiais, ninguém parece ter mais tempo para o tempo que a paixão exige. O mundo deveria se adaptar à paixão, e não o contrário.

Apesar de já termos visto e vivido o filme da paixão, o fascínio que o outro pode exercer em nós nos faz cair, como patos, nessa lagoa que os gregos chamavam de... pathós: sofrimento. Parece que se a paixão não carrega este componente de dor, não é paixão. Lembro, em cenas que hoje fazem parte definitiva de minhas amnésias afetivas, que a ausência da pessoa pela qual estava apaixonado provocava em mim os mais estranhos pensamentos. Hoje penso que essa projeção é a de nossa própria imagem. Como tentar agarrar o próprio reflexo num espelho, como no mito de Narciso. E tem outro problema: a paixão sonha eliminar a solidão, o que é uma impossibilidade. E é bom mesmo que "seja eterno enquanto dure": nossas expectativas em relação à pessoa-objeto de nossa paixão são quase sempre inatingíveis. Pois mesmo que apaixonar-se seja uma forma de "dor elegante", como diria Leminski, implica uma situação de estresse emocional e afetivo que nenhum ser humano pode suportar por longos períodos, sob pena de enlouquecer, e aí não seria mais paixão. Pois a paixão é um pensamento são num mundo insano. Quanto dura o filme da paixão? As personagens mudam, a paixão, não. Para mim, a paixão é como um daqueles paraísos perdidos: Mu, Atlântida, Agartha, Shambala, praia de Dido. Vê, já estou apaixonado e falando coisas sem sentido.




Rodrigo Garcia Lopes é escritor, poeta, jornalista, tradutor (Sylvia Plath, Rimbaud, Whitman, Laura Riding) e compositor, autor do CD de música e poesia Polivox, e dos livros de poemas Solarium, Visibilia, Polivox, Nômada. É um dos editores da revista Coyote e autor do blog http://www.estudiorealidade.blogspot.com/



23 de maio de 2009

A MORTE FAZENDO FESTA


Pensando na Morte - Frida Kahlo

Sim, sumi. Sumi porque a experiência de desaparecer ainda me é estranha. De repente lá vem ela - fatídica - e ceifa a grama aos seus pés. Vai sumindo com as gentes e é simples assim. Uma sucessão de cortes: Bruxursinha, meu pai, Leon Kaplan, um primo de primeríssimo grau e agora o Zé Rodrix. Todos novos novíssimos. Meu coração parece que virou peneira de bandido. Minha cabeça fica dando voltas. Outra noite, insone, e me peguei na sala, cismando. Acendi um Luck, rodei o dicionário de símbolos num gesto bibliomântico e lá estava: esfinge, máscara, petrificação. Sua face se mostrando na pior penumbra, no mundo do gelado. Arrepio. O momento do calafrio fatal. A Morte.

Nossa.

Falar o quê? É o que todos dizem. Meus Sentimentos. Gosto do lance dos sentimentos porque não entendo bem o peso dos pêsames. Mas mesmo assim, falar deles não significa nada numa hora em que tudo fica sem sentido. É um corte na noção de tempo, do corpo ocupando um espaço. De quantos lugares habitam as almas no ar, no céu.

Um amigo, em rápida menção me disse: - E se somos as ínfimas partículas da água rolando na crista das ondas? Me soou belo, grandioso e patético. Bem resolvido demais. Antes de chegar a gotícula, há que se compreender que Cavalo move a Morte num tabuleiro: Agora, seu nome é Xadrez.

Cena do flme "Det Sjunde Inseglet", de Igmar Bergman


Sempre sonhei com quem se vai desse em mundo em preto e branco. Resta-me as cores no mundo dos vivos e isso não é pouca coisa. Mas eles me parecem pálidos, os que se foram, como num filme antigo. E não é sépia não, é preto e branco mesmo.

Penso que a Morte vem assim num zuuuuuuuum, dá no ouvido da gente crescendo e crescendo - quando se viu já era. Viagem, essa que empreendemos sempre virgens. Mas para isso, há um percalço curioso: Dormimos todos os dias pois, caso assim não fosse, quando a Morte chegasse seríamos surpreendidos em uma porrada incontida, uma explosão de nêutrons, um cruz-credo avassalador.
Convenhamos: há coisa mais estranha, se olhada com perplexidade de quem vê a lua pela primeira vez, do que o ato de dormir?

Vamos lá todos em fila, que nem os anões da branca-de-neve com seus travesseiros, agarrados no quentinho para nos garantirmos. Enquanto estivermos cativos do calor tá tudo bem. Dá pra deitar na cama e ficar ali parado em semi-inércia. Coisa estranha é dormir. Sua normalidade me choca.

Dormimos para nos acostumarmos com a chegada da Implacável. E sonhamos. Nos sonhos, toda uma vida - vias, desvarios, veias em viés. Vida onde transitam aqueles que se foram mas não partiram. Em algum lugar, eles não se partem. Ficam. Deve ser dentro do coração.

Quando aparece alguém que eu não conheço nos meus sonhos, sei que é a figuração de uma alma. Eu poderia até arriscar uma interpretação pseudo psicanalítica, mas não vou perder tempo agora: a Morte não faz Nove Horas.

Então, quando a Inominável, vem - inominável sim, mas com o número bem certo - entramos para sempre no mundo dos sonhos, é a verdade inegável. Somos para sempre o que sonhamos.

Não me assombra a vida após a morte. Sei que ela existe. Mas me apavora seu corpo, sua dureza, sua crua verdade. Seu processo físico grita muito mais nos meus ouvidos do que a poderia a matéria da alma. A alma voa, a alma é leve. O problema é a lama, a Biologia da coisa, sua cara de esqueleto. Mas isso é cá comigo, numa angústia madrugueira que vos confesso e aproveito como mote ilustrativo.

Passar manteiga no pão precisa ser uma experiência sublime, não acham?

Só se pode falar da Morte feita a Ode em Vida.



The Caos Tarot - Arc XIII

Zoe

4 de maio de 2009

ESTADO DE ESPÍRITO


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mais puro que o vôo da corda
mais corda que a vida do vento
mais vento que a asa da lira
mais lírica que a prosa da pétala

mais pétala que a pluma dos dias
mais dias que o desejo do tempo
mais tempo que o acorde de sol
mais sol que a vontade de chuva

mais chuva que a sede de água
mais água que o verde da uva
mais uva que o veludo da veia
mais veia que a calda da lava

mais lava que a terra do fogo
mais fogo que a língua na boca
mais boca que a fome no corpo
mais corpo que a dança do sangue

mais sangue que o ouro da pedra
mais pedra que estátua de seda
mais seda que sonho de mel
mais nuvem que rosas no céu

mais céu que o fundo do azul
mais azul que os olhos de deus



Monica Berger

28 de abril de 2009

PROTEJA SUA ESCOLHA







Outro dia, uma consulente que refletia sobre um relacionamento que tinha ido por água a baixo me disse de forma enfática: “Eu protejo as minhas escolhas”. A frase me pegou. Já tinha pensado sobre a questão, mas nunca tinha escutado a idéia expressa assim, de forma tão pontual.

Sim, proteger as nossas escolhas. A gente demora tanto tempo para decidir entre uma coisa e outra, pesar prós e contras, encarar as oscilações da balança... Deixar de lado o caminho conhecido, confortável. Noutras vezes, a opção é mais radical: ou muda-se de vida ou muda-se de vida. Sem saída: aquilo que nos dá absoluta segurança vai dançar. Não há garantias. Respira-se fundo, levanta-se a cabeça e diz-se: “Eu vou”. Mas vai pra onde?

E aí começa o processo de pesagem. Não raro, alguém sai magoado. Os mortos e os feridos. Sem esforço não há crescimento. E existem os sacrifícios. Desapegos. Coisas que a gente não quer largar. Como ir pra frente sem olhar pra trás? Pois é. Mas não tem jeito. A decisão precisa ser tomada. E depois disso, só há o futuro. Não dá pra voltar.

Proteger as nossas escolhas. É o justo, depois da coragem de colocar todas as fichas na mesa.Tanto trabalho não pode ser jogado fora assim, com uma marcha-ré na primeira dificuldade.Há que se proteger a opção calculada, refletida, pesada na balança nem sempre equilibrada da vida. A escolha é livre! E sempre nossa. Sempre. Quem diz que não teve escolha, escolheu não escolher. Mas escolheu.

Proteger nossa opção é um ato de amor. Uma questão de respeito para consigo mesmo. É ruim olhar-se no espelho pela manhã e dar de cara com alguém que não mantém sua palavra. E saber que essa pessoa é você. É, ainda, um ato de amor para com os outros – aqueles que ficaram no passado e aqueles que fazem parte agora, do nosso presente. Por isso a importância de deter-se com atenção frente à encruzilhada e discernir com tempo e critério o novo rumo.

É claro que, vez ou outra, nos arrependemos. Normalmente isso acontece quando nos deixamos pressionar e decidimos sem tempo suficiente para um veredicto profundo. Ou quando a nossa escolha destina-se a agradar a alguém que não a nós mesmos. É difícil agradar gregos e troianos.

Toda escolha acertada exige centramento. Às vezes a gente errou mesmo. Aí então é melhor colocar o rabo entre as pernas e voltar sem muitos dramas. Opção equivocada. Essa conversa de “não me arrependo de nada que fiz na vida” é uma balela. É só uma frase repetida sem reflexão.

Na história da humanidade, sabemos, o erro pode levar a um grande achado. A penicilina, por exemplo, foi descoberta por causa de um vacilo de Fleming, uma situação imprevista. Ou seja, podemos aprender, e muito, com o erro. Basta que tenhamos abertura para mudar o ponto de vista. O lugar de onde olhamos um evento nas nossas vidas faz toda a diferença.

Nesse momento também é bom levar em conta que o conceito de certo e errado está atrelado a nossa forma de pensar, algo construído durante anos e com o respaldo da sociedade em que vivemos. Mas será que o “erro” é realmente um erro? Será que o “certo” é mesmo uma certeza?

O ideal é que possamos escolher sem pressões, calmamente, podendo dar uma “visada” no futuro e vislumbrando como ficaria nossa vida indo pelo caminho A, pelo caminho B, ou permanecendo. Pois permanecer, insisto, também é uma escolha.

Veja lá o que vai fazer na próxima bifurcação. Disso depende o seu bem-estar, a sua tranqüilidade mental no futuro.

E depois de feita a opção, proteja seu caminho, seja de flores ou de pedras. Proteja as margens. Encerre os tijolos. Regue as rosas. E segure firme nas mãos que quem vai junto.




Zoe de Camaris


artigo originamente publicado na Revista Personare

17 de abril de 2009

NANAINA!


3 de copas/Housewives Tarot

Ela disse "Nanaina". Minha filha de 6 meses falou. Certo, é o tatibitati, o gugu-dadá. Mas convenhamos, é uma palavra de três sílabas! Fiquei o dia inteiro com a palavra ressoando na cabeça: Nanaina. O que será isso? Foi na sua segunda refeição, a sopinha de legumes. Nanaina será "não"?

Em Minas Gerais, mais especificamente em Ouro Preto, os nativos dizem: "Nénãonénadanénão", bem rapidinho. Três negativas substituindo uma palavra de uma só silaba, a mais contundente da nossa língua portuguesa: "NÃO" O glifo "n" supõe a idéia de negativa, assim como no glifo "m" percebe-se a presença da mãe. Isso parece ser universal.

Mas o que será Nanaina? Lembro então de Alice (Através do espelho) e o famoso diálogo da protagonista com Humpty Dumpty:

— Não sei o que você quer dizer com essa palavra — disse Alice. Humpty Dumpty sorriu com ar de desprezo.
— Claro que não sabe, até eu lhe explicar... Quando uso uma palavra — disse Humpty Dumpty, num tom desdenhoso — ela significa exatamente o que eu quero que ela signifique, nem mais, nem menos.
— A questão está em saber — disse Alice — se você pode fazer com que as palavras tenham significados diferentes.
— A questão está em saber — disse Humpty Dumpty — quem é que manda.



E quem manda? A bebê, a inventora da palavra, detendora do seu significado? Mas ela não pode (ainda) me dizer o que significa. Eu, no papel de toda poderosa, que posso tentar traduzir a palavra ou encaixá-la nisso ou aquilo? Ou o contexto em que a palavra apareceu? Quem manda?

Nanaina pode ter a ver com "nenê". Ou com "ninar". Mas ela estava em pleno processo de iniciação do seu paladar, eis o contexto. Nanaina deve ser algo como "puxa que gosto estranho tem isso, não quero não".

Por via das dúvidas, Nanaina não quer dizer nada. Ou quer dizer tudo. Hoje, pra mim, tudo é Nanaina. A palavra não pára de martelar.

Com crianças, a aprendizagem acontece em duas vias. Elas aprendem, mas nós aprendemos mais ainda. E pelo jeito, ó jardim das delícias, a viagem começou! Primeira aula de Semântica. Ainda vamos ler muito juntas, menininha!


Nanaina pra todos vocês, seja lá o que isso signifique,

Zoe

p.s. : o 3 de copas, já ia me esquecendo, pode significar um nascimento. Para Crowley, o planeta Mercúrio, nesta lâmina, encontra-se em Câncer. O que pode presidir o nascimento das palavras.

6 de abril de 2009

Os 7 Pecados no Tarot



Uma taça com água pela metade pode estar meio cheia ou meio vazia. Se considerarmos que ela está meio cheia (ou nem uma coisa, nem outra, apenas equilibrada) podemos pensar os pecados capitais como o filósofo Vilém Flusser, em A História do Diabo. Flusser considera que os 7 pecados são signatários de uma visão comprometida, traduzidos através do uso de termos arcaicos e tendenciosos pela Igreja em sua propaganda antidiabólica. E substitui a visão corrente por termos neutros e modernos. Funciona bem para repensarmos a velha lista. Vamos lá?


SOBERBA é a consciência de si mesmo;
AVAREZA é economia;
LUXÚRIA é o instinto de preservação da vida;
GULA é a melhoria do standart de vida;
INVEJA é a luta pela justiça social e liberdade política;
IRA é a recusa em aceitar as limitações impostas à vontade humana, portanto é dignidade;
PREGUIÇA (ou tristeza) é o estágio alcançado pela meditação calma da filosofia.

Interessante, não? Eu gosto de colocações que deasafiam o ponto de vista comum.
A taróloga Mary Greer vê os 7 pecados capitais no 7 de copas. Sim, dá pra pensar. Mas seria possível encontrar nos arcanos menores do Tarot Waite/Smith a representação dos 7 pecados? Hum... Medo de forçar a barra. Mas pode funcionar como um exercício, desde que não signifique prender as borboletas em alfinetes. Olho nas imagens querendo casar-se com alguns conceitos por aproximação:


ORGULHO - O herói ostenta os louros da vitória e retorna triunfante, rodeado por seus seguidores. Aproveitando a pegada flusseriana, ei-lo consciente de seu valor, empertigado e vaidoso no seu cavalo. Na visão tradicional, a arrogância seria a fonte de todos os outros pecados e o mais grave dentre os 7, já que Lúcifer "criou"o inferno a partir de sua infinita Soberba ao querer igualar-se a Deus. A virtude que se opõe ao Orgulho seria a Humildade, a Modéstia.


AVAREZA - Economia, sim. E proteção, são dois dos significados do 4 de Ouros. É a carta do avarento - aquele que fecha não só a sua mão, mas também os seus chacras. Em uma leitura pode significar que o consulente precisa ter cuidado com suas posses ou que está se agarrando demais aos bens materiais. Como no pecado/arcano anterior, a imagem é bastante explícita favorecendo a correlação. Para combater a Avareza, temos a Virtude da Generosidade.


GULA - Bem, podemos dizer que este senhor com seu camisolão listrado e seu chapéu vermelho com penacho está um tiquinho acima do peso. Uma estranha mesa alta o rodeia, onde se observam nove taças. Ele traz os braços cruzados, mostrando que está centrado e nos sorri com uma impressão satisfeita. Estariam os cálices vazios pela glutonaria do nosso personagem? Seria apenas a vista parcial de uma mesa de banquete que esconde os ossos do pernil e uma fartura de doces? O Nove de Copas nos fala dos prazeres triviais e festas com satisfação física, segundo Rachel Pollack. Para combater a Gula, temos a virtude da Temperança. Para Flusser, nosso amigo melhorou seu status.


LUXÚRIA - Mais um pecado do excesso. O apego à extravagância e aos prazeres carnais. A imagem não é explícita, mas sabemos que a carta nos aponta para uma enchente de sentimentos. O rapaz parece mais do que satisfeito, enfastiado até. Sua apatia nos lembra mais a Preguiça do que a avidez sexual. No Thot Tarot o título do Arcano é Luxúria, o abandono aos desejos. Para combater o pecado capital, temos a Virtude da Castidade. Para Flusser, temos na Luxúria o instinto de preservação da vida.

INVEJA - A Inveja age dissimuladamente. Seu poder mina lentamente e na escuridão, longe de nossos olhos. Aqui temos uma personagem sorrateira que pé ante pé parece levar espadas tomadas das tendas que aparecem no fundo da carta. Um ladrão zombeteiro, amigo do alheio, que parece comprometido com a leveza. É a carta da superficialidade mas que dentre os arcanos menores do Tarot Waite mais parece se aproximar à idéia de Inveja, tomar o que é do outro. Ou pior ainda, apenas fazer com que o outro perca sem necessariamente desejar o objeto que causaria o pecado capital. Para combatê-la, teríamos a virtude da Caridade. Para Flusser, seria tomar daqueles que já têm demais, uma busca do equilíbrio.


IRA - Cinco rapazes lutam com seu bastões. A imagem nos sugere a idéia de rivalidade mais do que à Ira, propriamente dita. Esse embate juvenil parece ser inócuo enquanto a Ira sempre causa muitos estragos. É o pecado da violência e do descontrole. Para combatê-lo temos a Paciência, a mais nobre e gentil das Virtudes. Para Flusser é o exercício da dignidade que encara o rompimento dos limites.


PREGUIÇA - A preguiça me traz uma impressão de "moleza", bem ao contrário da imagem do 4 de espadas onde observamos um homem ou a estátua mortuária de um homem repousando sobre a lage fria. O 4 de espadas me transmite mais a idéia de recolhimento e imobilidade voluntária do que a indolência inata. Mas sem dúvida, seria o arcano mais adequado para caracterizar a "não-ação", a negligência, a apatia, a ausência de amor e também a tristeza que assinala a acedia. A preguiça pode ser combatida pela virtude da Diligência, zelo e presteza. Para Flusser, a meu ver quase num rasgo de bom humor, temos o "pecado" da Filosofia, estágio avançado causado pela meditação.

E você? Qual é seu pecado favorito?


Zoe

1 de abril de 2009

Novos Cursos em Curitiba/2009



Vamos estudar? A grade dos cursos de 2009 já está disponível no ZOE MÍDIA. Entrem em contato pelo endereço zoedecamaris@gmail.com. Logo divulgarei como ficam as aulas on-line particulares e em grupo, aguardem.

Abraços,
Zoe

31 de março de 2009

Zush Tarot


Porta-Zush-Evru/Ivlod, 2006.


Tem gente que diz que o Tarot é brega. Dá até pra entender... A cartomante e sua bola de cristal (de vidro), o anúncio no portão de casa com erros de português, as mesmas frases feitas (de efeito), enfim, a leitura de cartas tem essa cara desde que nos entendemos por gente. A televisão, essa divulgadora de "cultura", se esmera em perpetuar o lance. Nada contra o popular, grande manancial de loucuras, mas a postura dos meios de comunicação deixa tudo ainda mais caricato. Além do que não se deve confundir o Tarot, conjunto de cartas, com o uso que se faz dele.

Quando comecei com essa parada de estudar o Tarot (ó ignonímia, ó infâmia), meus amigos intelectuais, escritores e artistas, torciam o canto da boca, pra lá de bestas. Na Universidade então, nem se fala: -"Lá vai a louca do Tarot. Sim, porque além do gosto duvidoso, ainda não bate bem da bola", era isso mesmo o que pensavam. Bem, depois de um tempo passaram a rever este ponto de vista, creio. Durante os três anos que passei na pós-graduação, dando aulas e participando de congressos e seminários, muita gente descobriu do que se tratava o Tarot: uma máquina narrativa, uma galeria de imagens inigualável, um arcabouço aberto para o estímulo imaginativo. E do que trata a Arte, senão da imaginação?

E o que dizer de caras como o cineasta Alejandro Jodorowsky, o artista plástico Xul Solar, o poeta T.S. Elliot, o escritor Italo Calvino? Aí, então, a coisa muda radicalmente de figura. Dizem os pseudo-doutos: -"Se eles gostam, bem..." Ah, a ignorância esnobe é mãe de todos os males. E faz parte da nossa cruzada tarológica indicar o Tarot e revalidá-lo como um sistema de linguagem universal, muito além da prática divinatória - que também é importante, embora não baste para esgotar seu enorme poder catalisador.

Todo esse tre-le-lé porque achei outra figura incrível que trabalhou o Tarot numa etapa da sua trajetória: o artista espanhol Zush, de batismo Albert Porta, e que em 2001 trocou seu nome para Evru. Esse catalão-camaleão que já inventava moda em 1964 foi pego com substância ilegais em 1968 e conduzido a um hospital psquiátrico. É ali que muda seu nome para Zush, palavra sussurrada por um colega do Frenopático de Barcelona, e cria sua primeira exposição individual, "Alucinações", que já continha sementes da sua simbologia e iconografia, posteriormente desenvolvidas. Na década de 70, Zush apresenta obras significativas e de grande formato : De Jude a Nasha, onde figuras de silhuetas femininas realizadas com spray destacam pontos ou centros que, unidos, formam uma classe de constelações eróticas flutuando em espaços vazios. Essa "sexologia astral" terá como base iconográfica as cartas do Tarot que o artista converterá em referência capital de sua própria simbologia, "em seu constante questionamento da arbitrariedade que existe em toda linguagem", como traduzi de um artigo da Fundação Suñol, que agrega a maior parte das obras de Porta-Zush-Evru.

Procurei onde pude mais referências visuais, em especial as que concernem ao Tarot, e encontrei os seguintes conjuntos de lâminas:













E agora, com uma lente de aumento, vou brincar de identificar os rastros do nosso Tarot cruzadas com simbologia e iconografia individual de Zush. Outro dia, mais notícias.

Zoe
Links para conhecer melhor o trabalho do artista:
Tecura
Galeria Fernando la Torre

24 de março de 2009

AO MENOS ACENDA UMA VELA





"(...) a chama, dentre os objetos do mundo que nos fazem sonhar, é um dos maiores operadores de imagens. Ela nos força a imaginar. Diante dela, desde que se sonha, o que se percebe não é nada, comparado com o que se imagina. Ela traz consigo um valor seu, de metáforas e imagens, nos domínios das mais diversas meditações." (Bachelard, 1989)


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6 de março de 2009

Rainhas: Qual é a sua?


Mulheres são seres múltiplos, irisados. Nosso reino é um arco-íris. Somos uma e somos todas ao mesmo tempo. Mas existem certas características que saltam aos olhos. Normalmente, combinamos pelo menos duas das Rainhas, é muito difícil encontrar um tipo “puro”. A terceira está escondida e a última, renegada. A Rainha escondida mostra a idealização que você tem de si mesma, mas que não traz à tona facilmente. É aquela que você gostaria de ser, mas não consegue ou tem motivos para deixar quieta por um tempo. Já a Rainha renegada, aparece por breves momentos de intempérie criando uma confusão na auto-imagem e funcionando como Sombra – aquilo que você mais detesta em outras pessoas e que não reconhece possuir. Conhecê-la é o primeiro passo para uma maior integração de suas Rainhas. O mais importante aqui é observá-las, observar-se, e fazer uma auto-análise. Você irá facilmente descobrir sua combinação básica. São as duas Rainhas mais “simpáticas”, aonde você encontra mais facilmente suas características. A escondida é aquela que você admira, mas deixa quieta. E a renegada mostra o tipo de mulher que você se sente mais distante, a que não “agüenta”, aquela com quem implica, a “antipática”.

Onde você se encontra?


R A I N H A_D E_P A U S




É a Dama do Fogo. Suas cores são o vermelho, o laranja, o branco. Gosta de pouco pano sobre o corpo, mas abusa de lenços e fitas. Tecidos que imitam a textura e a estampa de peles é com ela mesma. A forma física é ágil, provavelmente magra, e adora tomar sol. Tem preferência por esportes radicais Não dá muita atenção aos detalhes e miudezas, prefere adornos grandes e sente-se muito à vontade perto da natureza, mar e floresta. Seu cabelo é rebelde como uma chama. Ela o assume completamente, crespo, liso ou ondulado e gosta de mantê-los soltos. Sua espontaneidade seduz. Sente-se muito bem de cabelos avermelhados, castanho acobreados, tons dourados. Sua cozinha não existe sem pimenta e temperos condimentados. Tem a índole forte e é auto-suficiente. Sua libido é de alta voltagem, é uma mulher que respira fundo e vai em frente. Normalmente, não pensa antes de agir. E adora ocupar o centro das atenções. É muito divertida, mas quando está brava, cuidado! Explosões à vista: é uma mulher “bomba-relógio”. Extrovertida, fala o que lhe dá na telha e depois se arrepende. Ou não. Os maiores defeitos são a impaciência e o excesso de vaidade. Suas palavras-chaves são Inspiração e Criatividade. No amor, é apaixonadíssima e tem dificuldades em manter um relacionamento estável. Seu tipo psicológico é o Intuitivo. Seu temperamento, segundo a classificação de Hipócrates, é o Colérico. Seu castelo Elemental, o das Salamandras. Sua Deusa é Ártemis e seu Reino, o da Lua Nova.


R A I N H A_D E_C O P A S



É a Dama da Água. Suas cores são os azuis e verdes delicados, os rosados, os tons pastéis. Seus trajes são clássicos e com um toque floral-romântico. É a encarnação da feminilidade, no sentido tradicional do termo. Seu corpo de formas mais arredondadas fica bem com rendas, pérolas, túnicas e sedas. Gosta de formas curvas nos cintos e bijuterias. Prefere manter a brancura da pele e abusa de chapéus e lenços durante o dia. Quando vem a lua, ela resplandece, brilha no escuro. Aprecia jardins, riachos, quedas d'água, noites estreladas. Seus cabelos macios, sejam claros ou escuros, caem como uma cascata estejam presos ou soltos. Seu temperamento é suave. Sua índole, amorosa, sonhadora, nostálgica, idealista, utópica. Seduz pelo mistério. Os maiores defeitos são a indecisão e a falta de confiança. Sua palavra-chave é Harmonia. Introvertida, é a mais chorona das Rainhas e mal dignificada faz com que a mulher, não raro, sofra de autocomiseração, seja dada a chantagens emocionais e sofra com medos infundados. Gosta muito de crianças e da idéia de ter filhos, mas no amor prioriza o carinho e o romance. Mesmo casada é uma eterna namorada. Seu tipo psicológico é o Sentimento. Seu temperamento é Fleumático. Seu castelo, das Ondinas. Sua Deusa é Afrodite e seu Reino é o da Lua Crescente.


R A I N H A_D E_E S P A D A S





É a Dama do Ar. Prefere os tons frios, os azuis celestes e cores metálicas. O acinzentado e o negro favorecem sua beleza de linhas retas. Seu corpo é elástico e flexível. Escolhe a simplicidade ao se vestir, é a mais austera das Rainhas e não abre mão de tecidos com o toque diferenciado e os sintéticos. Não se ressente com ambientes fechados, gosta de estudar e lê muito. É urbana. Se expressa muito bem escrevendo. Seu reino é do intelecto. Os cabelos costumam ter cortes retos e ela abusa dos coques e rabos-de-cavalo. É a tradução viva da palavra “elegância”. Para se alimentar é frugal e grande amante da comida japonesa. É justa e meticulosa. Não costuma dar muita vazão aos seus sentimentos - difícil tirá-la do prumo. Quando isso acontece lembra-se que a vingança é um prato que se oferece frio. Manipula intelectualmente através da grande rapidez de seus pensamentos, articulações e armadilhas. Encara batalhas mentais com desenvoltura e seduz pela inteligência. Introvertida, é discreta, mordaz e muitíssimo esperta. O maior defeito é a inquietude. Sua palavra-chave é Racionalidade. Gosta muito de ficar só, mas quando ama é pra valer. Seu tipo psicológico é o Pensamento. Seu temperamento, o Sanguíneo. Seu castelo, o dos Silfos, embora ela não acredite nisso. Sua Deusa é Atena e seu reino é a Lua Minguante. (Se quiser saber mais sobre a Rainha de Espadas, clique aqui).


R A I N H A_D E _O U R O S




É a Dama da Terra. Seus olhos preferem encontrar os tons dourados, os ocres, os marrons fortes, o verde-bandeira. Seu corpo lembra um tronco de árvore, ela é robusta e compacta, de ancas largas. No vestir alterna entre o despojamento de quem trabalha ao ar livre com a riqueza e opulência do ouro, anéis e brocados A Rainha de Ouros sabe como ninguém valorizar a roupa que veste. Gosta de jóias e adornos em profusão e não dispensa os coloridos. Adora festas. Ama as plantas e sente-se plenamente à vontade lidando com a terra, ela tem raízes. Com seu dedo verde, tudo que planta, vinga. Isso se repete na cozinha - seu pão caseiro sempre dá certo. Seus cabelos são de fios grossos e fartos. Tem o temperamento forte, extrovertido, mas constante. Os defeitos são o egoísmo e o pessimismo. Sua palavra-chave é Manutenção, mas vive intensamente o momento presente. Prática e sensata e seduz pela constância. Teimosa, é muito difícil demovê-la de seus propósitos. Quando fica brava pode ser grosseira. E mesmo que se arrependa não irá voltar atrás. No amor é tradicionalista, generosa, e não vive sem pimpolhos agarrados às suas pernas. Seu tipo psicológico é o Sensitivo. Seu temperamento é o Melancólico. Seu castelo, dos Gnomos. Sua Deusa é Deméter e seu Reino é a Lua Cheia.

* Caso deseje saber sobre os Tipos Psicológicos, faça o teste .


p.s.: O artigo sobre as Rainhas do Tarot foi originalmente publicado na Revista Personare.

p.s.2.: Se quer saber como consquistar um Rei, leia o artigo do Leonardo "Café Tarot" Chioda na Personare. Mas antes veja as deliciosas imagens dos Reis do Housewives Tarot no blog do Léo.

26 de fevereiro de 2009

Avatar e Trajestórias


Trajestórias

Um dia desses, acordei com uma idéia: pedir para alguém que me fizesse um avatar. Uma bonequinha Zoe. Tive uma menininha há quatro meses atrás e, claro, a gente sempre se reconecta com o mundo dos contos de fada, revistinhas e bibelôs. Pois bem, liguei para minha amiga Márcia Széliga, ilustradora renomada de livros infantis, artista plástica e escritora e encomendei a brincadeira. Ficou melhor do que eu poderia imaginar. Uma verdadeira BarbieZoe! Mas isso é apenas uma palhinha do que a Márcia faz se divertindo nas horas vagas. O trabalho dela é minucioso e inspirado - a última exposição, Trajestórias, foi um sucesso aqui em Curitiba.



Grata pelo brinquedo, Márcia!



Zoe

20 de fevereiro de 2009

Carnaval




Minha idéia de carnaval, um carnaval de sonho, inclui a máscara. Um objeto repleto de significados, beleza e mistério. Oculta para mostrar uma outra coisa. Que pode ser a nossa vontade (verdade?) mais secreta. Com a máscara dá-se vida a uma personagem, alguém que tem "outra" vida. E no carnaval lida-se de perto, bem de pertinho, com o inesperado. O que torna tudo muito excitante.

Bem, isso pra mim que estou longe (e assim desejo permanecer) dos axés & cia, BBBobagens e etc., e tenho uma visão romântica do negócio. Um carnaval em Veneza. Mas pode ser também em outra data e em outro lugar na Itália, num castelo com labirinto, por exemplo. Veste-se a mácara e... Plim! Como "il matto dei tarrochi" o mundo se abre para a fantasia. É O Louco e o 7 de copas. Com todas as colombinas, pierrots, arlequins e polichinelos que habitam o mundo dell' Arte. E aí se sonha acordado. Isso se você estiver com sorte, vai que o destino lhe reserva um olhar "diogomainardiano" embaixo da máscara... Já pensou?

O Tarot e o Carnaval. O mote é O Louco, claro. Ele, o Coringa que se interpõe em qualquer situação, que dança entre entre as cartas e mistura os caminhos. Única imagem que sobreviveu no nosso baralho comum, tamanha força arquetípica. Ele e o Rei. Momo.

O carnaval é um cortejo, assim como a sequência de cartas. Uma procissão profana, o triunfo de situações e alegorias. Rosa Magalhães, você nunca pensou nisso, depois Hans Christian Andersen? O Tarot é um carnaval de figuras, todas as vezes em que se embaralha as cartas e são dispostas, aleatoriamente. O tarólogo é aquele que, mascarado, tira a máscara das imagens. Mascarado sim, porque sua individualidade não importa no momento da leitura. Por isso A Sacerdotisa usa seu véu. Para que possa revelar.

Digressões à parte, um achado: as máscaras que usam cartas de Tarot como elemento decorativo. Encontrei algumas na rede aqui, aqui e aqui. Escolha a sua e divirta-se!







MÁSCARA NEGRA
Zé Keti-Pereira Mattos, 1966

Quanto riso oh quanta alegria
Mais de mil palhaços no salão
Arlequim está chorando
Pelo amor da colombina
No meio da multidão

Foi bom te ver outra vez
Está fazendo um ano
Foi no carnaval que passou
Eu sou aquele pierrô
Que te abraçou e te beijou meu amor
Na mesma máscara negra
Que esconde o teu rosto
Eu quero matar a saudade
Vou beijar-te agora
Não me leve a mal
Hoje é carnaval

5 de fevereiro de 2009

ETERNOS GAROTOS



Por que certos homens se comportam como garotos a vida inteira? Esse é o tema do Áudio Tarot da quinzena e que está logo ali a sua direita.

Tenho colecionado, da experiência de minhas consulentes, um vasto material de canalhices, omissões, papo-furado, atitudes inexplicáveis... E claro que, como mulher, também saco do riscado. Ninguém está incólume. Mulheres de 17 a 70 caem na armadilha. E ficam sem entender lhufas.

Ele chega, lindo de morrer, super gracinha. Aqueles dardos no olhar que nos atingem em cheio, um jeito de corpo com uma gingada especial, a maneira de arrumar o cabelo, aquela conversa que... Puxa! - Parece que a gente se conhece de uma outra encarnação! E por aí vai.

O curioso é que ele pode ter a idade que for. Pode ser um cientista, um empresário, um advogado de sucesso, e até um doutor da alma humana. Mas na hora do relacionamento volta a ser garoto, apenas um garoto, sempre entre a cruz e a espada. E nos colocam - ou nós que nos deixamos colocar - na mesma situação.

Na carta do Enamorado, o personagem principal é o garoto. Mas se olharmos mais detidamente, para onde aponta a flecha? Para a mão que está sobre o coração do menino. Parece que a seta vai atravessar sua mão antes de atingir o coração dele...




Se Cupido lhe pegou de jeito, só resta olhar a questão por um outro ângulo. Tentar sair de si, mesmo que momentaneamente, e avaliar o que acontece. Nesse sentido, creio que o artigo que ofereço para vocês no Áudio Tarot, é uma boa oportunidade de reflexão.

Vai que uma luz se acende? Ok, pode ser só a Sininho...



Zoe
p.s.: alguém leu "Síndrome de Peter Pan"? Li faz muito tempo, não lembro de quase nada.

2 de fevereiro de 2009

A Rainha do Mar




Odôyabá! Odó Iyá! Hoje é o dia Dela, 2 de fevereiro. Os mares estão em festa.

É facil pensar em Iemanjá como a Rainha de Copas, a Rainha do Mar. Ela encarna facilmente o arquétipo tarológico. Mas a facilidade pára por aí: Oxum compartilha da energia da Rainha de Copas nas águas (doces para Oxum) mas o ouro das suas vestes nos faz pensar na Rainha de Pentáculos. Iansã é a Rainha de Espadas com sua força cortante mas, em certos aspectos, lembra a Rainha de Paus - principalmente no que se refere a sua independência sexual.



Renaissence Tarot___________________________ Ecletic Tarot

Nunca é demais um certo cuidado nas analogias.
Mas seja como for, Odó Iyá, Mãe Sereia!
E muitas rosas brancas para todos nós.


Zoe