17 de agosto de 2005

O Vinho do Invisível


A Temperança / Jacques de Gheyn


Verte, ó saqi, o vinho do invisível.
Com este signo, com este nome,
falemos do que não tem signo nem nome.
Deixa-o jorrar em abundância,
que este ato enriquece a alma;
embriaga-a, ajuda-a a alçar vôo.

Vem, derrama mais uma taça,
ensina aos saqis a arte da escanção.
Como fonte que transborda do coração de pedra,
rompe o jarro do corpo e da alma.
Faz a felicidade dos amantes do vinho
e a inquietude dos que só fruem o pão.

O pão é o artífice da prisão do corpo,
o vinho, a chuva que cai no jardim da alma.
Quanto a mim, uni os extremos
das águas que cobrem a terra;
cabe a ti alçar a tampa da ânfora do céu.

Fecha esses olhos que só vêem imperfeições
e abre aqueles que sabem contemplar o invisível,
que não se detêm diante de mesquitas, de ídolos,
pois os desconhecem por completo.

Silêncio!
É nesse silêncio que surge o tumulto
e faz calar nosso mundo inferior.


Jalal ud-Din Rumi
(poeta persa do século XII)


A Temperança / Hendrick Goltius

3 comentários:

Ivan disse...

Morte aos spams que não tem nada a ver e poluem a caixa de comentários!

Ou, para os gringos entenderem:

DEATH TO ALL SPAMMERS AND THEIR FUCKING LONG SPAMS ON NOTHING INTERESTING NOR RELATED TO THE BLOG!!!!!!!!!

Ivan disse...

Porra, ultimamente tenho andado fodidamente raivoso, escrevendo um puta monte de palavrões cabeludos do caralho. Que bosta!

Desculpa aí pela pentelhação toda...

Anônimo disse...

Li seus textos no Tribos de Gaia e gostei muito! O da temperança inclusive. Leio tarô também, mas ainda me considero iniciate.
É sempre bom poder ler coisas inteligentes e interessantes como as suas.
Beijos,
Cassia