O último anjo derramou seu cálice no ar.
Os sonhos caem na cabeça do homem,
As crianças são expelidas do ventre materno,
As estrelas se despregam do firmamento.
Uma tocha enorme pega fogo no fogo,
A água dos rios e dos mares jorra cadáveres.
Os vulcões vomitam cometas em furor
E as mil pernas da Grande dançarina
Fazem cair sobre a terra uma chuva de lodo.
Rachou-se o teto do céu em quatro partes:
Instintivamente, eu me agarro ao abismo.
Procurei meu rosto, não achei.
Depois a treva foi ajuntada à própria treva.
Poema de Murilo Mendes em As Metamorfoses (1944)
Tarot New Vision (exceto o Nove de Espadas de Waite/Smith)
Leitura de Zoe de Camaris
2 comentários:
Olá,
Cheguei aqui pelo click da Bugra e gostei. Esse poema de MM é de que livro?
Abraço fraterno,
Zadig.
Murilo Mendes é forte e sensível por demais...
A comparação com as cartas ficou muito boa, clarifica uma interpretação para o poema. Tive a experiência de analisar poemas dele em grupo, e nossa, isso teve tudo a ver com aquelas conversas.
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