O Tarot é um conjunto de imagens formado por 78 cartas que nos apresenta a junção de dois sistemas articulados. Os 22 Arcanos Maiores, intitulado de baralho filosófico; e os 56 Arcanos Menores, composto por quatro naipes de cartas numeradas de 1 (Ás) a 10, mais as Cartas da Corte - Rei, Rainha, Cavaleiro e Pajem.
Não
se sabe quando os dois sistemas foram associados. O que se verifica,
na prática, é que há uma interpenetração entre as duas
estruturas, criando um grande leque de possibilidades combinatórias.
Há
várias idéias para uma só imagem, o que obedece a um eixo
paradigmático de interpretação, mas as várias imagens constituem
também uma só idéia, um eixo sintagmático. E esse eixo
sintagmático traduz um processo de desenvolvimento do imaginário
humano, lido em uma escala composta por imagens motrizes, os Trunfos,
e que revela um caminhar do inconsciente coletivo da humanidade assim
como uma possível trajetória do desenvolvimento subjetivo e
individual.
Mas
o que importa mesmo é que o Tarot é um magnífico exemplo da arte
de imaginar. Lâminas que condensam a matéria fluida da psique em um
acordo poético que escapa à interpretação literal. A Imaginação
resiste à Hermenêutica, como afirma Bachelard. E aí reside o poder
do Tarot - persistir pelo mistério. Seduzir por não se deixar
agarrar facilmente. Depois de conhecida a estrutura, a gaiola,
tenta-se capturar o passarinho. E dependendo da sua habilidade em
caçar, ele até canta em suas mãos. Mas quando se vai colocá-lo na
gaiola, desaparece no ar.
E
assim funciona a imagem. Não se deixa capturar. É verdade que a
lexicalização, ou seja, a tradução de imagens em palavras torna a
imagem de certa forma dependente das palavras. O nome da coisa não é
a coisa, mas como falar das coisas senão através palavra?
Podemos
exprimir sim, o que sentimos com relação às imagens, animando-as.
Ou criando outras imagens. Traduzindo-as no corpo, na dança, num
canto. Envolvendo-se, ao invés de “interpretá-las”. Construir
um olhar. Perceber que os limites que desenham o pássaro estão
borradas, que é um pássaro vindo do mundo do devaneio e não pode
ser agarrado com suas mãos físicas.
Restituir
o Tarot a sua categoria de mistério e deixar um pouco de lado os
manuais. Aproximar-se das cartas humildemente, ingenuamente.
Esquecer as redes de segurança, a razão. Não simplificar, pois a
simplificação paralisa a imaginação. Deixar que as imagens
apareçam, voem, voltem a parecer. Esquecer a forma. O que importa é
a força contida em cada imagem.
Envolver-se
para depois desenvolver. A imagem fala por si.
Creio
que, cada vez mais, é necessário que o estudante e/ou praticante do
Tarot se torne realmente sensível para as imagens subjetivas, antes
de cair matando nos manuais. Não digerir de pronto as palavras
dadas. Buscar as inferências, esquecer a prática cientificista na
estante de livros.
O
Tarot é uma Arte da Imaginação. E para enxergar sua alma é
necessário abrir-se para a Alma do Mundo.
Zoe
de Camaris
5 comentários:
amo você e seus textos, querida!
Como é bonito o seu blog, Zoe!
De fato as imagens revelam muito sobre nós mesmos e outros aspectos de nossa alma. Sempre fico emocionada ao ver quão frágil sou.
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Parabéns pelo seu blog, é muito interessante.
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