Onde mora a Alma? Dentro, é o que se diz. Quando o corpo morre, a alma pode ficar fora, vagando fantasma. Mas a maior parte da Alma está e sempre esteve aí fora. Anima Mundi.
É a metáfora primeira, o campo da poesia, a imagem, o sustento da vida interior. Relacionamo-nos com a Alma através do Corpo, da Estética, da Linguagem, dos Mitos, do Politeísmo. A Alma é pagã, porque diversa. O Espírito Santo é que é monoteísta.
Sobre a Alma, não há que ser teorizado. A Alma exige RELACIONAMENTO. Basta o jardim do vizinho, sobre o qual podem pairar borboletas em profusão. Nessa hora, o vizinho deixa de existir. Sou eu, aquelas borboletas e o Mundo. O céu colore tudo de azul, o sol everdeia a folhagem e a Alma me olha. Quando a imagem me perpassa, estou nua. E eis a Magia.
Não existe Mistério.
(...)
Para a Psicologia Arquetípica (HILLMAN) as formas primárias que governam a psique se apresentam como Imagem. E é através da Cultura que se manifestam visivelmente. Ao meu ver, o Tarot, apesar de estar contido em uma estrutura pré definida, não é uma estrutura "datada", fato comprovado pela sua sobrevivência em um mundo que nos apresenta imagens no ritmo de uma metralhadora giratória. Suas figuras soltam-se do anteparo material, se mesclam com outras imagens, fundem-se criando mais matizes que um arco-íris. É uma tradição icônica insistente. Suas imagens são persuasivas, incitam a criação. Pois são feitas da mesma matéria que a Alma.
Soul Making !
Zoe
Integrae Naturae Speculum Artisque Imago, 1617
Robert Fludd
As relações imagéticas entre a Alma do Mundo de Robert Fludd e o Arcano XXI do Tarot de Marselha (Camoin e Jodorowski) esclarecem-se por comparação:
Eis a imagem idealizada por Aleister Crowley e desenhada por Frieda Harris:
As imagens se relacionam, essa é a exigência da Alma, seu imperativo para ser reconhecida. É na observação "sentida" que tudo passa a fazer sentido. Talvez no momento em que eu fale do Imperador, o discurso seja diferente.
Parece claro?
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